quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Xperia Play chega ao Brasil no dia 25 com jogos traduzidos

A Sony Ericsson anunciou a data de lançamento do Xperia Play no Brasil. No próximo dia 25, o pioneiro smartphone com controle físico para games e certificação Playstation aterrissa por aqui, com um acervo de pelo menos 100 jogos adaptados especialmente para o aparelho.

Baseado na versão 2.3 do Android (Gingerbread), o aparelho tem um display de 4 polegadas e é equipado com um chip Qualcomm Snapdragon, com processador Scorpion de 1GHz e GPU Adreno 205.



O smartphone ainda tem 512MB de memória RAM e uma câmera de 5 megapixels com capacidade de gravar vídeos em WVGA (800x480 pixels). Mas o grande diferencial é o gamepad com botões semelhantes ao da família Playstation, com o direcional digital, duas alavancas analógicas, quatro botões de ação, dois gatilhos e os botões “Select” e “Start”. Com isso, games projetados ou adaptados para o Xperia Play prometem uma experiência de jogo parecida com a dos consoles tradicionais.
Confira nosso hands-on do Xperia Play

Entre as empresas que estão desenvolvendo jogos para o dispositivo, estão a Electronic Arts, Gameloft e Glu Mobile. A EA, por exemplo, anunciou dois jogos da série "Need for Speed" ("Shift" e "Hot Pursuit"), além de "Dead Space". A empresa ainda promete uma versão exclusiva de "Battlefield: Bad Company 2", além de jogos a partir de R$ 4,99, com demos gratuitas.


Já a Gameloft está adaptando seus jogos já disponíveis em outras plataformas. Ao todo, atualmente, são 19 títulos para o Xperia Play, dos quais 11 estão traduzidos para o português, com preços a partir de R$5,99.

A pergunta que não quer calar é: e os jogos da primeira geração do PlayStation? Por enquanto, as notícias não são muito animadoras para o Brasil: o Xperia Play vem apenas com "Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back" pré-instalado e, por enquanto, não há outras opções para comprar através da loja online. Quanto a isso, Renato Cechetti, gerente de serviços e aplicativos da Sony Ericsson no Brasil, afirmou que os usuários devem "aguardar novidades".

Além de "Crash", o smartphone virá pré-carregado com outros seis jogos, mas todos dedicados à plataforma Android: "Bruce Lee Dragon Warrior", "Asphalt 6: Adrenaline", "SIMS 3", "Star Battalion", "FIFA 2010" e "Tetris".

O hardware do Xperia Play é fabricado no Brasil, na cidade de Indaiatuba, em São Paulo. O aparelho estará disponível nas lojas de todas as operadoras e também em varejistas. O preço sugerido é de R$1.899.

Nokia muda forma de dar nome a seus celulares

Enquanto uma determinada fabricante vende apenas um modelo principal de seu celular por vezes, outras lançam duzentos aparelhos em um mesmo ano. Assim confunde a cabeça do consumidor. Sorte que a Nokia optou por mudar a forma como dá nome aos seus celulares. Já nos próximos lançamentos acaba aquela história de nomes comerciais com combinações de letras e números. Tudo será mais simples, se depender da fabricante com origem europeia.

Nokia 500
A empresa admitiu que ter um Nokia C7 e um Nokia E7 numa mesma prateleira de loja poderia trazer problemas para um potencial consumidor em busca de um aparelho novo – até mesmo eu, que vejo notícias sobre esses aparelhos diariamente, já me embananei ao usar um quando deveria escrever o nome do outro. Então acabou, nada mais de série E, série C e série N (que eu saiba, essas são as que restaram).
O primeiro celular com a nova nomenclatura, que usa apenas números, é o Nokia 500. Ele é um dos aparelhos mais baratos que a empresa já lançou, custando 150 euros (equivalente a R$ 334).
De acordo com informações fornecidas pela Nokia, os nomes dos celulares vão conter três dígitos. O primeiro deles diz respeito à faixa de preço e pode variar de 1 a 9. Num caso hipotético, o consumidor que estiver numa loja virtual e encontrar o fictício Nokia 100 ao lado do fictício Nokia 900 pode ter a certeza de que o segundo custa mais caro que o primeiro.
Além de um indicador de faixa de preço, os demais números do nome do celular terão um número exclusivo para aquele aparelho. Como se fosse o RG do celular ou smartphone – cada um terá o seu e não há qualquer chance de repetição.
“Usado constantemente com o tempo, as pessoas vão aprender o que esperar de um modelo usando seu número como referência”, a empresa escreveu em um comunicado.
Cabe lembrar que durante muito tempo a Nokia adotou os nomes de celular apenas com número. Depois passou para a combinação alfanumérica. E agora volta às suas origens. Antes tarde.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Saúde

Formado em Economia pela Universidade de Michigan, Gustavo Borges é o atleta recordista em medalhas olímpicas na história da natação no Brasil, e está entre os esportistas do século numa pesquisa realizada pela revista Isto É, em 1999.
Começou a nadar aos dez anos em Ituverava, cidade onde morou até os 15 anos. Gustavo sempre teve muita força de vontade para nadar. Às cinco horas já estava de pé para treinar, mesmo que tivesse dormido mal à noite.
Iniciou a carreira profissional a partir de 1991, nos jogos Pan-Americanos, em Cuba, quando passou a acumular grandes vitórias. Foi Medalha de prata nas Olimpíadas de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996); Medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e de Sidney (2000).
Gustavo Borges é natural de Ribeirão Preto, São Paulo, tem 28 anos e atualmente mora em São Paulo, capital.
O atleta conta nesta entrevista que descanso e uma alimentação saudável são fatores fundamentais para conseguir bons resultados.
Como você mantém sua saúde?
Com boa alimentação, boas horas de sono e com muita hidratação. Procuro dormir oito horas por noite e descansar uma hora durante o dia. Além disso, tomo sucos de frutas antes e após os treinos.
Qual é o maior benefício da natação?
Na minha opinião, é um esporte completo que ajuda o corpo inteiro.
Pratica algum outro esporte? Qual?
Não. Amo o esporte que pratico.
Como é a dieta alimentar de um nadador?
Procuro consumir o maior número de carboidratos possível, como pães, panquecas, leite, macarrão, entre outros. Tento evitar gordura, como presunto e queijos amarelos. Como muita carne vermelha, mas estou sempre balanceando proteína e carboidrato.
Como você se prepara para um grande torneio?
Com treinamento específico, seguido de um bom planejamento. Mesmo em treinamentos para as Olimpíadas, os treinos educativos sempre foram prioridade para mim.
Qual é o seu lazer preferido?
Gosto de sair para jantar, ficar com a família e pegar um cinema.
Que privações que um atleta tem no dia-a-dia? É difícil se adaptar?
Como em todo trabalho, temos que nos sacrificar durante determinadas horas. A adaptação, na verdade, não é tão difícil. Só é preciso ter muita disciplina e força de vontade. Eu nunca chegaria onde cheguei se não tivesse aberto mão de certas coisas. Muitas vezes deixei de sair à noite com meus amigos porque tinha treino no dia seguinte.
Sua família sempre o apoiou?
Desde quando comecei, aos dez anos, tive o apoio dos meus pais.
Você acha que os pais, hoje, incentivam os filhos a praticar algum esporte?
Acho que o esporte sempre está na cabeça dos pais. Mas, é preciso que eles tenham tranqüilidade para não exagerarem na cobrança, e deixarem as crianças livres para escolherem o esporte.

Saúde

Formado em Economia pela Universidade de Michigan, Gustavo Borges é o atleta recordista em medalhas olímpicas na história da natação no Brasil, e está entre os esportistas do século numa pesquisa realizada pela revista Isto É, em 1999.
Começou a nadar aos dez anos em Ituverava, cidade onde morou até os 15 anos. Gustavo sempre teve muita força de vontade para nadar. Às cinco horas já estava de pé para treinar, mesmo que tivesse dormido mal à noite.
Iniciou a carreira profissional a partir de 1991, nos jogos Pan-Americanos, em Cuba, quando passou a acumular grandes vitórias. Foi Medalha de prata nas Olimpíadas de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996); Medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e de Sidney (2000).
Gustavo Borges é natural de Ribeirão Preto, São Paulo, tem 28 anos e atualmente mora em São Paulo, capital.
O atleta conta nesta entrevista que descanso e uma alimentação saudável são fatores fundamentais para conseguir bons resultados.
Como você mantém sua saúde?
Com boa alimentação, boas horas de sono e com muita hidratação. Procuro dormir oito horas por noite e descansar uma hora durante o dia. Além disso, tomo sucos de frutas antes e após os treinos.
Qual é o maior benefício da natação?
Na minha opinião, é um esporte completo que ajuda o corpo inteiro.
Pratica algum outro esporte? Qual?
Não. Amo o esporte que pratico.
Como é a dieta alimentar de um nadador?
Procuro consumir o maior número de carboidratos possível, como pães, panquecas, leite, macarrão, entre outros. Tento evitar gordura, como presunto e queijos amarelos. Como muita carne vermelha, mas estou sempre balanceando proteína e carboidrato.
Como você se prepara para um grande torneio?
Com treinamento específico, seguido de um bom planejamento. Mesmo em treinamentos para as Olimpíadas, os treinos educativos sempre foram prioridade para mim.
Qual é o seu lazer preferido?
Gosto de sair para jantar, ficar com a família e pegar um cinema.
Que privações que um atleta tem no dia-a-dia? É difícil se adaptar?
Como em todo trabalho, temos que nos sacrificar durante determinadas horas. A adaptação, na verdade, não é tão difícil. Só é preciso ter muita disciplina e força de vontade. Eu nunca chegaria onde cheguei se não tivesse aberto mão de certas coisas. Muitas vezes deixei de sair à noite com meus amigos porque tinha treino no dia seguinte.
Sua família sempre o apoiou?
Desde quando comecei, aos dez anos, tive o apoio dos meus pais.
Você acha que os pais, hoje, incentivam os filhos a praticar algum esporte?
Acho que o esporte sempre está na cabeça dos pais. Mas, é preciso que eles tenham tranqüilidade para não exagerarem na cobrança, e deixarem as crianças livres para escolherem o esporte.

Saúde

Formado em Economia pela Universidade de Michigan, Gustavo Borges é o atleta recordista em medalhas olímpicas na história da natação no Brasil, e está entre os esportistas do século numa pesquisa realizada pela revista Isto É, em 1999.
Começou a nadar aos dez anos em Ituverava, cidade onde morou até os 15 anos. Gustavo sempre teve muita força de vontade para nadar. Às cinco horas já estava de pé para treinar, mesmo que tivesse dormido mal à noite.
Iniciou a carreira profissional a partir de 1991, nos jogos Pan-Americanos, em Cuba, quando passou a acumular grandes vitórias. Foi Medalha de prata nas Olimpíadas de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996); Medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e de Sidney (2000).
Gustavo Borges é natural de Ribeirão Preto, São Paulo, tem 28 anos e atualmente mora em São Paulo, capital.
O atleta conta nesta entrevista que descanso e uma alimentação saudável são fatores fundamentais para conseguir bons resultados.
Como você mantém sua saúde?
Com boa alimentação, boas horas de sono e com muita hidratação. Procuro dormir oito horas por noite e descansar uma hora durante o dia. Além disso, tomo sucos de frutas antes e após os treinos.
Qual é o maior benefício da natação?
Na minha opinião, é um esporte completo que ajuda o corpo inteiro.
Pratica algum outro esporte? Qual?
Não. Amo o esporte que pratico.
Como é a dieta alimentar de um nadador?
Procuro consumir o maior número de carboidratos possível, como pães, panquecas, leite, macarrão, entre outros. Tento evitar gordura, como presunto e queijos amarelos. Como muita carne vermelha, mas estou sempre balanceando proteína e carboidrato.
Como você se prepara para um grande torneio?
Com treinamento específico, seguido de um bom planejamento. Mesmo em treinamentos para as Olimpíadas, os treinos educativos sempre foram prioridade para mim.
Qual é o seu lazer preferido?
Gosto de sair para jantar, ficar com a família e pegar um cinema.
Que privações que um atleta tem no dia-a-dia? É difícil se adaptar?
Como em todo trabalho, temos que nos sacrificar durante determinadas horas. A adaptação, na verdade, não é tão difícil. Só é preciso ter muita disciplina e força de vontade. Eu nunca chegaria onde cheguei se não tivesse aberto mão de certas coisas. Muitas vezes deixei de sair à noite com meus amigos porque tinha treino no dia seguinte.
Sua família sempre o apoiou?
Desde quando comecei, aos dez anos, tive o apoio dos meus pais.
Você acha que os pais, hoje, incentivam os filhos a praticar algum esporte?
Acho que o esporte sempre está na cabeça dos pais. Mas, é preciso que eles tenham tranqüilidade para não exagerarem na cobrança, e deixarem as crianças livres para escolherem o esporte.

Como num filme


Não foi difícil cair nas graças de Seu Amalfi. Direto, sincero, amoroso, foi logo falando de sua vida, com um jeito meio solto, especial, como quem vai montando uma seqüência de cenas em nosso pensamento. De início, estáticas e em preto-e-branco, e, aos poucos, em impulsos coloridos. Depois de uma ou outra pergunta, quase nem precisei falar mais nada. Apenas ouvir, entregar-se à brincadeira da memória era o que bastava.
Ele foi contando, contando e imagens foram se instalando em mim como quem entra em um filme.
"Esse cheirinho de café pendurado no vento leve conduz a meu tempo mais antigo.
Pensei ouvir bem baixinho um fiapo de uma canção napolitana e tudo veio à tona. Logo lembrei-me de minha mãe torrando café, fazendo o pão, a macarronada. Bem que procuro não pensar muito para não marejar os olhos.
O começo de tudo foi na Itália. De lá vieram meus pais. Fugidos do horror da guerra, acabaram por fazer a vida aqui em São Paulo, onde nasci.
É a partir dessas lembranças que minha cabeça parece uma máquina de fabricar filmes.
Recordo muita coisa. Não só do que minha mãe contava, mais ainda das que eu vivi.
Lá pelos idos de 1929, com cerca de sete anos de idade, era menino feito. Minha vida era um misto de cowboy com Tarzan. Onde hoje fica o Shopping Center Norte era só mato, água e muita, muita terra. Era lá meu paraíso. Meu e dos meus amigos: o Vitorino, o Zacarias... Vivia para jogar futebol, nadar, pescar e caçar passarinhos.
Uma brincadeira de que gostávamos muito era “chocar o trem”. Sabe o que é isso?
Era subir rapidinho no trem em movimento. Ele andava bem devagar, é claro, levando pedras da Serra da Cantareira para construir a cidade. Com o tempo seu trajeto se encheu de bairros: Tucuruvi, Jaçanã, Vila Mazzei, Água Fria e mais o que há agora. Lembra aquela musica do Adoniran? Tem a ver com esse trem...
Da escola não gostava tanto. Não era um bom aluno, mas era esperto, vivido. Isso sim. O que acabava ajudando em muitas situações... Em um abrir e fechar dos olhos da memória lá estão a escola, o corre-corre das crianças e todos eles, intactos e em plena labuta do dia: Dona Albertina, Dona Isabel, Seu Luís, os professores. Ainda o Seu Peter, o diretor, e Seu Luigi, o servente. Quantas vezes em meio à cópia da lousa, que seguia plena em silêncio e dever, disparava um piscar enviesado para meus companheiros de time. Quebrávamos as pontas dos lápis e com o descaramento e a falsa pretensão de deixarmos todos eles apontadinhos para a letra ficar bem desenhada e bem bonita nas nossas brochuras, lá íamos nós, atrás da porta e com a gilette em punho, armar em cochichos a melhor estratégia para o próximo jogo. Tudo lorota!
Meio moleque, meio mocinho, sempre dava algum jeito de arranjar um dinheirinho para ir à Voluntários, uma das poucas ruas calçadas do bairro, nas matinês do cine Orion.
Meu figurino era feito por minha mãe: uma camisa clara, bem limpa e passadinha com ferro de brasa. Com meus colegas ia ver o que estava em cartaz. Bangue-bangue era o melhor. Lembro-me do BuckJones, do Rin Tin Tin, do Roy Rogers e mais uma porção daqueles bambas do momento. Também me recordo do cine Vogue e de Seu Carvalho, seu dono e operador, que, ao constatar a enorme fila na bilheteria, dizia para nós, garotos, com certo orgulho solene, só haver lugares em pé. Entrávamos mesmo assim. Depois de alguns minutos já tínhamos nossos lugares escolhidos e... sentados. No escurinho do filme começado, queimávamos um barbante malcheiroso que fazia todo mundo desaparecer de nosso lugar preferido. Comédia pura, não é?
Com o passar dos anos, veio o tempo do trabalho para valer. De aprendiz de químico tornei-me o titular na fábrica de perfumes dos libaneses. Fiz de tudo lá: brilhantina, rouge, pó-de-arroz, produtos muito usados na época. Veio também o tempo do namoro sério e, com ele, o cinema com sorvete a dois. Minha vida era um filme de aventuras, mais que outra coisa. Tive de vencer muitos obstáculos. E foi um bom tempo assim.
Construir uma família não é fácil, mas, como se sabe, o amor sempre vence.
Como nos filmes de amor, acabei me casando em technicolor e em cinemascope, como um galã, com minha Mercedes, mais bonita que Greta Garbo ou qualquer outra estrela de Hollywood. Com ela comecei a freqüentar o centro de São Paulo. Íamos de bonde elétrico, descíamos na Praça do Correio e andávamos de braços dados pelos pontos mais elegantes da cidade.
Misturados aos carros que pertenciam a gente muito rica, estavam os cabriolés, uma espécie de carroça puxada a cavalos... Na Avenida São João estavam os melhores cinemas: o Marabá, o Olido, com seus camarotes e frisas. Quantos filmes! “O Canal de Suez”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “E o Vento Levou!”. Vejo-nos direitinho, como em um musical indo para a cidade de bonde. O condutor, o Delmiro, mais parecia um bailarino, um Fred Astaire tropical, por conta dos trejeitos, malabarismos de corpo que fazia ao parar, descer, cumprimentar, receber as pessoas, acomodá-las e, enfim, conduzir o bonde.
Era mais que um motorneiro. Esse era um show à parte!
Se bem me lembro, o cinema me acompanhou a vida inteira. Isso porque sou do tempo do cinema mudo, veja você, onde os violinos e o piano faziam nossa imaginação ouvir as vozes e sentir as emoções dos artistas que passavam rápidos nas telas. Depois veio o cinema falado e para nós isso era a maior e a melhor invenção. Olhando para o que se passou, constato que fui um bom freqüentador das telas. Com chuva ou com sol!
Até nossa primeira filha, com poucos meses de idade, não impedia nossa diversão preferida! Era nossa figurante proibida. Íamos ao Bom Retiro, ao cine Lux. Lá eu conhecia todo mundo e sentávamos com a menina nos braços bem na ultima fila, caso precisássemos sair às pressas para acalmar um choro repentino. Assistimos a tantas histórias e nossa menina dormia profundamente. Quase sempre.
Talvez por conta de trabalho, das exigências da vida, dos cuidados com a família e mesmo com a facilidade da televisão, acabei me dando conta de que fiquei muito tempo sem ir ao cinema. Engraçado, agora que estou praticamente sozinho, em conseqüência das perdas que a vida nos traz, o cinema volta com toda a força. Não perco quase nada do que passa nos shoppings perto de casa. Tudo é mais confortável, imenso. Mas tudo é mais barulhento, apressado e real demais. Não sobra muito tempo para sonharmos.
Mesmo assim, quero ir a outros cinemas desta cidade que cresceu e cresce tanto. O jeito é me armar de um celular para que minha filha não fique tão preocupada comigo por causa dessas minhas novas aventuras cinematográficas."
Quando releio o que está escrito, não sei onde está o que o Seu Amalfi me contou e onde está o que projetei de sua vida em mim. Engraçado mesmo! Perdi-me nos labirintos da imaginação, onde o presente e o passado se fundem em um só desenho. A memória brinca com o tempo, como em um filme, como uma criança feliz

Como num filme


Não foi difícil cair nas graças de Seu Amalfi. Direto, sincero, amoroso, foi logo falando de sua vida, com um jeito meio solto, especial, como quem vai montando uma seqüência de cenas em nosso pensamento. De início, estáticas e em preto-e-branco, e, aos poucos, em impulsos coloridos. Depois de uma ou outra pergunta, quase nem precisei falar mais nada. Apenas ouvir, entregar-se à brincadeira da memória era o que bastava.
Ele foi contando, contando e imagens foram se instalando em mim como quem entra em um filme.
"Esse cheirinho de café pendurado no vento leve conduz a meu tempo mais antigo.
Pensei ouvir bem baixinho um fiapo de uma canção napolitana e tudo veio à tona. Logo lembrei-me de minha mãe torrando café, fazendo o pão, a macarronada. Bem que procuro não pensar muito para não marejar os olhos.
O começo de tudo foi na Itália. De lá vieram meus pais. Fugidos do horror da guerra, acabaram por fazer a vida aqui em São Paulo, onde nasci.
É a partir dessas lembranças que minha cabeça parece uma máquina de fabricar filmes.
Recordo muita coisa. Não só do que minha mãe contava, mais ainda das que eu vivi.
Lá pelos idos de 1929, com cerca de sete anos de idade, era menino feito. Minha vida era um misto de cowboy com Tarzan. Onde hoje fica o Shopping Center Norte era só mato, água e muita, muita terra. Era lá meu paraíso. Meu e dos meus amigos: o Vitorino, o Zacarias... Vivia para jogar futebol, nadar, pescar e caçar passarinhos.
Uma brincadeira de que gostávamos muito era “chocar o trem”. Sabe o que é isso?
Era subir rapidinho no trem em movimento. Ele andava bem devagar, é claro, levando pedras da Serra da Cantareira para construir a cidade. Com o tempo seu trajeto se encheu de bairros: Tucuruvi, Jaçanã, Vila Mazzei, Água Fria e mais o que há agora. Lembra aquela musica do Adoniran? Tem a ver com esse trem...
Da escola não gostava tanto. Não era um bom aluno, mas era esperto, vivido. Isso sim. O que acabava ajudando em muitas situações... Em um abrir e fechar dos olhos da memória lá estão a escola, o corre-corre das crianças e todos eles, intactos e em plena labuta do dia: Dona Albertina, Dona Isabel, Seu Luís, os professores. Ainda o Seu Peter, o diretor, e Seu Luigi, o servente. Quantas vezes em meio à cópia da lousa, que seguia plena em silêncio e dever, disparava um piscar enviesado para meus companheiros de time. Quebrávamos as pontas dos lápis e com o descaramento e a falsa pretensão de deixarmos todos eles apontadinhos para a letra ficar bem desenhada e bem bonita nas nossas brochuras, lá íamos nós, atrás da porta e com a gilette em punho, armar em cochichos a melhor estratégia para o próximo jogo. Tudo lorota!
Meio moleque, meio mocinho, sempre dava algum jeito de arranjar um dinheirinho para ir à Voluntários, uma das poucas ruas calçadas do bairro, nas matinês do cine Orion.
Meu figurino era feito por minha mãe: uma camisa clara, bem limpa e passadinha com ferro de brasa. Com meus colegas ia ver o que estava em cartaz. Bangue-bangue era o melhor. Lembro-me do BuckJones, do Rin Tin Tin, do Roy Rogers e mais uma porção daqueles bambas do momento. Também me recordo do cine Vogue e de Seu Carvalho, seu dono e operador, que, ao constatar a enorme fila na bilheteria, dizia para nós, garotos, com certo orgulho solene, só haver lugares em pé. Entrávamos mesmo assim. Depois de alguns minutos já tínhamos nossos lugares escolhidos e... sentados. No escurinho do filme começado, queimávamos um barbante malcheiroso que fazia todo mundo desaparecer de nosso lugar preferido. Comédia pura, não é?
Com o passar dos anos, veio o tempo do trabalho para valer. De aprendiz de químico tornei-me o titular na fábrica de perfumes dos libaneses. Fiz de tudo lá: brilhantina, rouge, pó-de-arroz, produtos muito usados na época. Veio também o tempo do namoro sério e, com ele, o cinema com sorvete a dois. Minha vida era um filme de aventuras, mais que outra coisa. Tive de vencer muitos obstáculos. E foi um bom tempo assim.
Construir uma família não é fácil, mas, como se sabe, o amor sempre vence.
Como nos filmes de amor, acabei me casando em technicolor e em cinemascope, como um galã, com minha Mercedes, mais bonita que Greta Garbo ou qualquer outra estrela de Hollywood. Com ela comecei a freqüentar o centro de São Paulo. Íamos de bonde elétrico, descíamos na Praça do Correio e andávamos de braços dados pelos pontos mais elegantes da cidade.
Misturados aos carros que pertenciam a gente muito rica, estavam os cabriolés, uma espécie de carroça puxada a cavalos... Na Avenida São João estavam os melhores cinemas: o Marabá, o Olido, com seus camarotes e frisas. Quantos filmes! “O Canal de Suez”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “E o Vento Levou!”. Vejo-nos direitinho, como em um musical indo para a cidade de bonde. O condutor, o Delmiro, mais parecia um bailarino, um Fred Astaire tropical, por conta dos trejeitos, malabarismos de corpo que fazia ao parar, descer, cumprimentar, receber as pessoas, acomodá-las e, enfim, conduzir o bonde.
Era mais que um motorneiro. Esse era um show à parte!
Se bem me lembro, o cinema me acompanhou a vida inteira. Isso porque sou do tempo do cinema mudo, veja você, onde os violinos e o piano faziam nossa imaginação ouvir as vozes e sentir as emoções dos artistas que passavam rápidos nas telas. Depois veio o cinema falado e para nós isso era a maior e a melhor invenção. Olhando para o que se passou, constato que fui um bom freqüentador das telas. Com chuva ou com sol!
Até nossa primeira filha, com poucos meses de idade, não impedia nossa diversão preferida! Era nossa figurante proibida. Íamos ao Bom Retiro, ao cine Lux. Lá eu conhecia todo mundo e sentávamos com a menina nos braços bem na ultima fila, caso precisássemos sair às pressas para acalmar um choro repentino. Assistimos a tantas histórias e nossa menina dormia profundamente. Quase sempre.
Talvez por conta de trabalho, das exigências da vida, dos cuidados com a família e mesmo com a facilidade da televisão, acabei me dando conta de que fiquei muito tempo sem ir ao cinema. Engraçado, agora que estou praticamente sozinho, em conseqüência das perdas que a vida nos traz, o cinema volta com toda a força. Não perco quase nada do que passa nos shoppings perto de casa. Tudo é mais confortável, imenso. Mas tudo é mais barulhento, apressado e real demais. Não sobra muito tempo para sonharmos.
Mesmo assim, quero ir a outros cinemas desta cidade que cresceu e cresce tanto. O jeito é me armar de um celular para que minha filha não fique tão preocupada comigo por causa dessas minhas novas aventuras cinematográficas."
Quando releio o que está escrito, não sei onde está o que o Seu Amalfi me contou e onde está o que projetei de sua vida em mim. Engraçado mesmo! Perdi-me nos labirintos da imaginação, onde o presente e o passado se fundem em um só desenho. A memória brinca com o tempo, como em um filme, como uma criança feliz

Os automóveis invadem a cidade

Naqueles tempos, a vida em São Paulo era tranqüila. Poderia ser ainda mais, não fosse a invasão cada vez maior dos automóveis importados, circulando pelas ruas da cidade; grossos tubos, situados nas laterais externas dos carros, desprendiam, em violentas explosões, gases e fumaça escura. Estridentes fonfons de buzinas, assustando os distraídos, abriam passagem para alguns deslumbrados motoristas que, em suas desabaladas carreiras, infringiam as regras de trânsito, muitas vezes chegando ao abuso de alcançar mais de 20 quilômetros à hora, velocidade permitida somente nas estradas. Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o "Prédio Martinelli" — arranha-céu pioneiro de São Paulo, se não me engano do Brasil — fora ainda construído. Não existia rádio, e televisão, ném em sonhos. Não se curtia som em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se música «n gramofones de tromba e manivela. Havia tempo para tudo, ninguém se afobava, ninguém andava depressa. Não se abreviavam com siglas os nomes completos das pessoas e das coisas cm geral. Para que isso? Por que o uso de siglas? Podia-se dizer e ler tranqüilamente tudo, por mais longo que fosse o nome, tudo por extenso — sem criar equívocos — e ainda sobrava tempo para ênfase, se necessário fosse.
Os divertimentos, existentes então, acessíveis a uma família de poucos recursos como a nossa, eram poucos. Os valores daqueles idos, comparados aos de hoje, no entanto, eram outros; as mais mínimas coisas, os menores acontecimentos, tomavam corpo, adquiriam enorme importância. Nossa vida simples era rica, alegre e sadia. A imaginação voando solta, transformando tudo em festa, nenhuma barreira a impedir meus sonhos, o riso aberto e franco. Os divertimentos, como já disse, eram poucos, porém suficientes para encher o nosso mundo.

As Almas do Amém

Naquela grande casa de pedra em que vovô Vincenzo e vovó Catarina moravam, ali na rua dos Anjos, havia uma escadinha misteriosa que subia de uma das grandes salas e que parava numa porta sempre trancada. Se escada tivesse nariz, eu poderia dizer que ela batia com o nariz na porta. A porta do sótão.
Ao perguntar para minha avó:
— Posso entrar lá?...
... ela me respondia:
— Não, Fortunatella. Criança não entra lá.
Lá, me parecia um lugar assombrado e perigoso. Por isso mesmo fascinante. [...]
Uma vez por semana, vovô Vincenzo reunia à noitinha todos os netos [...]. Ele puxava um grande terço de madeira e começava a rezar. Todo mundo rezava junto com ele e, ao final, um vibrante coro dizia bem alto: AMÈM! Ao ouvir esse amém final e triunfante, vovô Vincenzo erguia as mãos para o céu e encomendava o terço para as almas daqueles que já haviam morrido [...].
Pois naquela noite iluminada, quando vovô fechou o coro do terço, erguendo as mãos e os olhos para o alto, tive a certeza: quem morava no sótão eram as almas do AMÉM! [...]
Um dia porém — e sempre, em toda história, há o dia de um porém —, prima Rina [...] perguntou-me de súbito:
Fortunatella, o que é que o vovô guarda de bom lá no sótão, hein?
Ofendida, respondi-lhe mais que depressa:
— Vovô não guarda nada LÁ dentro. LÁ moram as almas do AMÉM, que guardam a casa de dia e de noite, principalmente de noite.
Rina soltou uma grande gargalhada e me chamou de boba, desafiando-me:
— Pois você vá LÁ visitar essas almas, que terá uma grande surpresa.
Eu não aguentava desafios. E não sosseguei enquanto não me vi sozinha em casa, apertando nas mãos a chave do sótão, que a vovó guardava dentro de um vaso. Subi devagarinho e com o coração assustado aquela escadinha que ia dar com o nariz na porta. E, quando a abri, pus meu nariz no escuro. [...]
Procurando a janela, percebi uma fresta de luz escorrendo de um quadrado de madeira. Escancarei-o, e a janelinha se debruçou sobre os telhados da casa de Rina. Voltei-me para olhar para dentro do sótão em que deviam dormir as almas do AMÉM! [...] O que ali estava, pendendo do teto, ou muito bem armazenados em caixas e sacos, eram salames, azeitonas, queijos duros, figos secos, nozes, avelãs, amêndoas e mais um monte de coisas gostosas que minha avó Catarina fazia subir pela escadinha toda vez que ia até o sótão. Era ali o estoque de alimentos para os dias de inverno, quando o frio enregelava os campos e não havia colheita. Era a comida para os corpos do AQUI. [...]
Eu logo achei que vovô Vincenzo e vovó Catarina não se importariam se eu distribuísse o estoque entre os netos. E me preparei para fazer escorregar para o telhado vizinho metade daqueles alimentos que meus avós haviam armazenado com tanto sacrifício para os dias difíceis.
Eu disse “me preparei”. Porque uma comadre que passava pela rua, ouvindo risadinhas sobre os telhados vizinhos, correu a chamar vovó, que estava na Igreja de San Leone, lá na praça da Acquanova. [...]
Vovó Catarina levou um susto, mas me perdoou [...].
E foi assim que acabei descobrindo que, quando vovô Vincenzo acabava o terço e erguia as mãos para o teto, talvez estivesse pedindo às almas do AMÉM que velassem pela fartura dos campos da Calábria e que nunca deixassem faltar o pão e o vinho sobre as mesas a fim de que nenhum calabrês, nunca mais, precisasse emigrar para terras alheias.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Política pública


Política pública é definida aqui como o conjunto de ações desencadeadas pelo Estado, no caso brasileiro, nas escalas federal, estadual e municipal, com vistas ao bem coletivo. Elas podem ser desenvolvidas em parcerias com organizações não governamentais e, como se verifica mais recentemente, com a iniciativa privada.
Cabe ao Estado propor ações preventivas diante de situações de risco à sociedade por meio de políticas públicas. O contratualismo gera esta expectativa, ainda mais na América Latina, marcada por práticas populistas no século XX. No caso das mudanças climáticas, é dever do Estado indicar alternativas que diminuam as conseqüências que elas trarão à população do Brasil, em especial para a mais pobre, que será mais atingida.
Porém, não resta dúvida que diversas forças sociais integram o Estado. Elas representam agentes com posições muitas vezes antagônicas. Também é preciso ter claro que as decisões acabam por privilegiar determinados setores, nem sempre voltados à maioria da população brasileira.
Analisar ações em escalas diferentes de gestão permite identificar oportunidades, prioridades e lacunas. Além disso, ela possibilita ter uma visão ampla das ações governamentais em situações distintas da realidade brasileira que, além de complexa, apresenta enorme diversidade natural, social, política e econômica que gera pressões nos diversos níveis de gestão. As forças políticas devem ser identificadas para compreender os reais objetivos das medidas aplicadas relacionadas às mudanças climáticas no Brasil.
A temática do aquecimento global ganhou corpo no mundo desde a década de 1980. Na década seguinte, surgiram convenções internacionais para regulamentar emissões de gases de efeito estufa e, principalmente, apontar causas e efeitos das alterações climáticas. O Brasil teve um papel destacado nas negociações internacionais. Porém, internamente as políticas públicas relacionadas ao tema ainda deixam a desejar.
Na escala Federal houve a destacada Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas, coordenada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente lançou um documento de avaliação das implicações das alterações climáticas para o Brasil, mas ainda não chegou a um Plano Nacional de Mudanças Globais. Na escala estadual, São Paulo merece destaque por aplicar uma política de mitigação. Apesar de apresentar resultados preliminares interessantes, carece de recursos para ganhar ema escala maior. Por sua vez, o município de São Paulo desenvolveu no último ano uma política na escala municipal que busca contribuir para a redução de emissões da maior aglomeração urbana do país.
Guareschi, Neuza; Comunello, Luciele Nardi ; Nardini, Milena; Júlio César Hoenisch (2004). Problematizando as práticas psicológicas no modo de entender a violência. In: Violência, gênero e Políticas Públicas. Orgs: Strey, Marlene N.; Azambuja, Mariana P. Ruwer; Jaeger, Fernanda Pires. Ed: EDIPUCRS, Porto Alegre.

SOBRE MEMÓRIAS

       O gênero literario conhecido  comooo memórias compreende, alé dos dados pessoai e biográficos, valiosos depoimentos históricos em que se registram fatos políoticos e sociais, paisagens, costumes e tendencias artísticas.
       Dá-se o nome de memórias ao gênero literário  em que o autor, quase sempre em prosa, relata o que recorda, tanto de sua vida como dos acontecimentos marcantes do contextos em que ela transcorreu.As memórias têm como centro de interesse o próprio memorialista e são, por isso, trabalho fronteiriço com a auto biografia, o diario e as confissões.